26 de dezembro de 2024

Search
Close this search box.

FESTIVAL FEITO AQUI – EDIÇÃO ESPECIAL: Evento ocorre até esta quinta (30)

POR:

POR:

Redação

Foto: Mestra Inesita/ Lailah Gouvêa

Projeto defende a preservação da memória gastronômica e cultural de Minas Gerais

Mestras que fazem da arte culinária suas vidas. Pratos feitos com muito amor, carinho e dedicação. Receitas tradicionais que passaram de geração para geração. Degustar esses prazeres é viver nossa cultura. De 28 a 30 de novembro, o Festival Feito Aqui ocorre de forma on-line, contando com a participação de três mestras da gastronomia mineira, Mestra Altivina (Igarapé/MG), Mestra Lilia (São Joaquim de Bicas/MG) e Mestra Inesita (Itabirito/MG). Desde sua primeira edição, em 2015, na cidade de Nova Lima, o projeto busca (re)descobrir os tesouros culinários de Minas Gerais. 

Nessa edição especial, o Festival será dividido em três episódios de 30 minutos cada, a serem exibidos gratuitamente no YouTube (https://www.youtube.com/@Feitoaqui). Cada episódio será composto por uma entrevista e a preparação de um prato típico da região de cada cozinheira. Com a entrevista, a intenção é mostrar como a culinária e ingredientes tradicionais de regiões mineiras estão presentes na história de vida e na tradição familiar de cada mestra.

Mantendo a proposta inicial de sua criação, o Feito Aqui – Edição Especial defende a preservação da memória gastronômica e cultural de Minas Gerais por meio da valorização da tradicional culinária mineira e dos cidadãos que se destacam nessa arte. Além disso, visa garantir que esses saberes culinários tenham seu alcance ampliado e despertem o interesse da população em busca desses trabalhos e da preservação da história da cultura e gastronomia do nosso Estado.

O projeto foi viabilizado por meio do Fundo Estadual de Cultura e tem a direção geral de Lailah Gouvêa.

MESTRAS DA CULINÁRIA SELECIONADAS

A edição conta com Mestra Inesita, de Itabirito, guardiã da arte do Pastel de Angu; Mestre Altivina, de Igarapé, guardiã da arte dos guisadinhos que preparará a famosa sopa da galinha parida e Mestra Lilia, de São Joaquim de Bicas, guardiã da arte do biscoito de polvilho assado na folha de bananeira. 

Cada mestra representa um município diferente, uma parte do Estado que tem como capital a cidade criativa da gastronomia, mas que tem no seu interior saberes e tradições centenárias. Guardiãs de segredos transmitidos de geração para geração, nos episódios, as mestras apresentam essas receitas tradicionais e contam a história de suas vidas, que se entrelaçam às da culinária mineira. 

Mestre Inesita

Prato: Pastel de Angu de Itabirito

@in.231

Os pastéis de angu de Itabirito já se tornaram símbolos da identidade gastronômica local e, por meio das mãos das mestras quitandeiras, mais essa importante tradição histórica do Território Central de Minas Gerais é preservada e valorizada. Uma dessas quitandeiras de “mão cheia” é Inês de Souza Lima, ou Dona Inesita dos pastéis, conhecida em Itabirito não apenas pela receita do tradicional pastel de angu, mas também pelas inovações no seu modo artesanal de cozinhar. Sempre preservando a essência dos sabores dessa tradição, ela retrata algumas formas da arquitetura de sua cidade com formas de igrejas, das antigas lamparinas, além das formas originais, utilizando-se do angu e dos saborosos recheios, entre eles, o famoso umbigo de banana, que deu origem à sua história. 

Inês de Souza Lima tem 72 anos. Nasceu em Bocaiúva e chegou sozinha em BH nos anos 50, ainda criança, para trabalhar na casa de uma família de ‘bens’. A sua patroa não permitiu que ela estudasse. Era comum até poucas décadas atrás em todo o Brasil buscarem meninas negras no interior para trabalhar em casas de famílias como empregadas domésticas. Hoje, seria considerado exploração infantil, cárcere privado e trabalho análogo à escravidão. Até os anos 90, elas eram consideradas ‘membros da família’. A maioria dessas meninas não recebia salário, não tinha vida social, não podiam namorar nem estudar. Inês conheceu João Gabriel, seu marido, com 12 anos, namorou escondido por sete, sem “ultrapassar as barreiras”, até se casarem. Então, saiu da casa da patroa. Vivem juntos há 53 anos e tiveram três filhos, netos e bisnetos. 

Ela contou, durante a gravação do documentário dirigido por Lailah Gouvêa, para o projeto “Feito Aqui – Edição Especial”, que as criadoras da iguaria foram duas escravas, Filó e Maria Conga, que faziam a massa com restos de angu cozido e usavam umbigo de bananeira como recheio ao invés de carne. As duas levavam os pastéis para a senzala e eram constantemente reprimidas por isso, muitas vezes chicoteadas. Os ferimentos, no entanto, cicatrizavam muito rapidamente, o que seria uma propriedade do umbigo de bananeira. 

Dona Inesita conta essa história com orgulho. Ela é filha de pai indígena e mãe negra, filha de escravos. Depois de adulta, fez todos os cursos que conseguiu. Hoje dá aulas e palestras em universidades. Veste vestido de renda amarelo, da cor do pastel de angu, que tem seu nome como referência no modo de fazer no Patrimônio Imaterial de Itabirito. 

(fonte: Igarapé Bem temperado)

Mestre Lilia 

Prato: Biscoito de Polvilho assado na folha de bananeira

@mestralilia

Em São Joaquim de Bicas, localizada no Território Central do estado, uma mestra dos quintais mineiros divide seu tempo entre a plantação de chuchus, o forno e o fogão a lenha, onde produz alguns dos maiores tesouros de nossa culinária. Mestra Lilia, além de fornecer dois caminhões do legume verdinho e fresco por semana ao Ceasa, ainda encontra tempo e disposição para preparar receitas maravilhosas de biscoitos assados na folha de bananeira, entre outras iguarias, encantando a todos os privilegiados que a visitam em seu lindo, florido e bem cuidado quintal. Mestra Lilia também faz de seu sorriso permanente e da gentileza os temperos especiais para acompanhar seus famosos e enormes biscoitos de polvilho, que são atração à parte em toda a região e também no Festival Igarapé Bem Temperado, onde ela é reverenciada como uma de suas grandes mestras. Esse título é cobiçado por cozinheiras mais jovens de toda a região, mas somente as matriarcas das cozinhas locais, com suas tradições históricas comprovadas e testadas por gerações podem ostentar, para orgulho de suas famílias. 

Mais conhecida como Mestra Lilia da Quita, Maria da Silva Maia tem hoje 70 anos, é viúva e mãe de cinco filhos. Lilia conta que o pai foi embora cedo e por conta disso a mãe sustentou os filhos com a horta que tinha em casa. Vestiu o primeiro chinelo, feito de pneu, aos 18 anos de idade. O alimento preferido dela era o arroz, mas era raro tê-lo à mesa. Casou-se, teve filhos e ficou viúva. Como a mãe, cultivou a horta e criou seus filhos. Lilia nunca perdeu a esperança e leva um sorriso puro de criança no rosto. Hoje em dia, ela é reconhecida por seus talentos culinários e vive bem por meio de seu ofício. Mora em uma casa linda em São João de Bicas, onde cria pavões, mantém uma grande mata nativa, cultiva chuchu e tem os filhos ao redor. Mestra Lilia é exemplo de mulher guerreira que conseguiu dar a volta por cima. 

(fonte: Igarapé Bem temperado)

Mestre Altivina

Prato: Guisadinhos dos Quintais de Igarapé

@altivinafonseca

Dos quintais de Igarapé, vem uma de nossas mais representativas tradições mineiras que são preservadas pelas mestras das cozinhas locais. Os guisadinhos, preparados com angu e hortaliças não convencionais como cansanção, ora pro nobis, beldroega, cariru de porco, folhas de batata doce, maria gondó, entre outras, acompanhados de galinha, costelinha ou carne nenhuma, retratam a verdadeira cozinha mineira, desde quando não se utilizava o arroz, com o angu e o feijão fazendo o hoje insubstituível, arrozinho refogado no alho. 

Mais conhecida como Mestra Altivina, Altivina Fonseca Machado é uma das principais guardiãs dessa tradição. Nasceu na cidade e passou por altos e baixos durante sua infância. Cresceu em fazenda e aprendeu a cozinhar aos nove anos com seu pai. Casou-se, mas ficou viúva cedo e com vários filhos para sustentar. Sem saber o que fazer, começou a produzir pastéis para vender na rua. Os pastéis eram tão bons que acabavam rapidamente. Durante algum tempo, o pastel sustentou a família. Depois, aprendeu a fazer pé de moleque e parece que inventou uma forma única que hoje é reconhecida internacionalmente. Altivina produz pé de moleque para fornecedores da Europa regularmente. Tudo que ela cozinha fica especial. Os guisados, preparados por ela, são um dos pratos de maior sucesso no Festival Igarapé Temperado, que acontece anualmente na cidade. 

(fonte: Igarapé Bem temperado)

SERVIÇO 

Festival Feito Aqui

De 28 a 30 de novembro

Disponível em: https://www.youtube.com/@Feitoaqui

CONTATO

Mestre Inesita 31-98871-3529

Mestra Lilia 31-99744-1740

Mestre Altivina 31-99969-6339 ou 31-99676-5676

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp